14 de jan. de 2016

Sobre sentir demais e não sentir.


Você pode sentir demais quando são 1;34 da manhã. Ou você pode sentir de menos. A casa toda adormecida, o silêncio quase visível e o ar está pesado. Você se acorda, as vezes com os olhos molhados (mesmo não se lembrando de ter chorado) e reza para que quando olhar para o visor do celular já seja umas 4 ou 5 da manhã, mas não é. 


O vazio antes só na casa, faz parte de você agora. Então resolve juntar toda a sua força e levantar da cama (tortura maior era ficar nela observando o escuro se transformar em sombras, as sombras em vultos, os vultos em uma pessoa, e essa pessoa em você). Em silêncio você bufa e passa a mão pelo seu rosto, ainda inchado. Tateia o chão frio no escuro a procura dos seus chinelos.


Sai do quarto e vaga sem rumo pela casa, como se fosse uma alma penada em seu eterno castigo.


Sua mente inquieta não te deixa fazer nada, então você se senta no sofá e espera, espera até tudo se acalmar dentro de você, porque dormir agora não é uma opção, você está sentindo demais ou não sentindo. 


Mas não existe uma hora para sentir demais ou não sentir.  E é isso que mais te  assusta, e é com isso que você sofre mais, a incerteza (ou expectativa?) é uma alma que te assombra, é o peso presso ao seu tornozelo. Aparece sabe? Sem fazer cerimônia, sem perguntar se você está bem, só surge. E só você sabe como é difícil explicar isso. De uma hora para outra você só não quer mais ficar. De uma hora  você é uma estranha naquele ambiente.


O afundar já é corriqueiro.



Eu me lembro quando o meu sentir começou a virar o sentir de menos. Foi a mais ou menos 8 anos.
Eu não queria mais ir a escola, eu não queria sair de casa, eu só não queria.
Quando você não sente, algo se esvazia por dentro, algo tira sua vontade, tira sua força. Você se esforça mais ainda parece que está amarrada a uma corda de coisas ruins. Você tenta, tenta, as vezes consegue sair, mas as vezes não. E o pior de tudo, é que as pessoas acham que é culpa sua. "Que  você deveria se esforçar mais".
Mas eu sei que você se esforça, eu sei o quanto você perde por está assim. Uma parte da sua vida não é mais sua. Mas eu prometo que um dia isso passa.
Depois eu percebi que comecei a sentir demais. E a tranquilidade se vaiou, a perturbação entrou sem pedir licença.
Um monte de "se você fizer isso, vai acontecer isso" surgiu na minha vida.
Uma inquietação.Uma guerra dentro de você entre a razão e a loucura (?)
Ou as vezes nem é isso.
O sentir demais pode ser você sentir o que a outra pessoa sente. A famosa empatia, que pode virar algo não tão bom quando você chora até vendo uma imagem. E tem que esconder isso para não virar a piada da semana.
E quando você acha que não consegue mais sorrir. Algo pequeno, algo minimo para outra pessoa, lhe dar o maior sorriso do mês. E você descobre que a felicidade ainda existe. 

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